domingo, 12 de abril de 2015

MINHA JANGADA SAIU PARA O MAR

TRIBUNA DA BAHIA
SEXTA-FEIRA, 22 DE AGOSTO DE 2008
Sr. Redator,
Ai que saudade que tenho da Bahia, ah, se eu escutasse o que mamãe dizia... já cantava o nosso cancioneiro procentenário Dorival Caymi, que teve outros contemporâneos que, quando assim se exprimiam. Fiz meu rancho na beira do rio. Caymi respondia: É doce morrer no mar, ou então: Coqueiro de Itapuã, coqueiro...
Um outro dizia: "a minha vida é andar por este país, para ver se assim me sinto feliz... Ele retrucava: Marina morena, Marina, você se pintou. Ou quando diziam: Você mulher, que já viveu, que já sofreu, não minta... Você menina moça, mais menina que mulher, confissões não ouça... O velho Caymi acrescentava, Dora rainha do frevo e do maracatu. Nessa convivência poética de contemporaneidade, o velho cantador de histórias citava: O Abaeté tem uma lagoa escura, arrodeada de areias brancas, com um pescador com dois amores, um bem na terra e um bem no mar. Histórias essas que interarão por tempos gerações presentes, passados e futuras, mantendo sempre uma sócio-etno-antropológica comunicação tão profunda quando as nossas origens.
Agora que parte a cantar: Minha jangada vai sair pro mar, vou trabalhar, meu bem querer... deixa-nos sua maviosa cantiga de Ninar. Que agora se auto-embala na sua partida da vida física na terra.
E a jangada voltou só, sem Dorival.

Egnaldo Araújo
Salvador-BA

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