domingo, 12 de abril de 2015

A NOIVA VENDIDA

QUARTA-FEIRA, 23 DE AGOSTO DE 2006
Sr. Redator,
Nada melhor do que a gente poder curtir ainda hoje, apesar do burburinho da vida agitada de nossos dias, as belas criações musicais de compositores do século XVIII, como os cantos de barítonos, contraltos, baixos e tenores da opereta A Noiva Vendida. Uma delícia de espetáculo em que, apesar de não se entender o que falam os cantores estrangeiros, pelo menos acompanha-se pela projeção de resumos escritos o que está acontecendo nos três atos do espetáculo, que foi encenado no Teatro Castro Alves neste final de semana, com a participação de cantores alemães e do Coro Barroco da Bahia. Na verdade, ninguém se incomodou com os meus inopinados e esporádicos ressonos no decorrer do II ato, isso pela belíssima voz da soprano e coro, que levava-nos às alturas pela leveza do lírico canto.
 O TEATRO
 Ainda estão bem presentes na minha memória, quando menino, as apresentações mambembes teatrais dos atores de pequenos circos passando pelo interior, na década de 50, na Vila de Ferradas (hoje bairro de Itabuna, cidade do Sul da Bahia). Ali a chegada do circo era verdadeira festa no lugarejo que não tinha luz elétrica, água encanada e calçamento na única rua que ia de Uruba (onde o Jorge Amado nasceu, na casa de uma quenga, dizem as más línguas) até a praça da Igreja, em Fefradinhas. Nós, quando crianças, saíamos em grupo a acompanhar o palhaço montado de costas em um jegue pintado de zebra, a gritar: “Hoje tem espetáculo?”, nós “Tem sim, senhor!”, ele “Às 20:00h!”, nós repetíamos “Tem sim senhor!”, ele concluía “Arrocha, negrada! Ôoobáááá!” E assim íamos naquela bagunça pelo vilarejo, anunciando a novidade, o pequeno circo armado junto ao campo de futebol, cuja programação constava quase sempre de números de mágica, pastelão com palhaços, show de canto, finalizando com uma peça teatral resumida e estilizada, como Sansão e Dalila, O Ébrio, Pedro Malazarte, O Pavão Misterioso e outras histórias da vida que faziam-nos rir e chorar.


Egnaldo Araújo

Nenhum comentário:

Postar um comentário