sábado, 11 de abril de 2015

HISTÓRIAS DO SUL DA BAHIA - XIII

TRIBUNA DA BAHIA
TERÇA-FEIRA, 20 DE JULHO DE 2004
Sr. Redator:
Acabo de receber e-mail com algumas sugestões com propostas de possíveis reformulações ao processo eleitoral vigente, apesar de não sermos o caminho indicado, vez que essa questão é mais afeta ao Congresso Nacional/TSE, acho-me, contudo sensibilizado pelo assunto que em resumo propõe eleições seja de vereador, deputados estadual, federal - prefeitos e senadores, pelo Voto Distrital, ou seja cada bairro, distrito, região escolheria seu candidato, a depender do mérito que o cidadão ali tivesse para se eleger, no que acho mais do que justa a mudança do processo de escolha.
Contudo, corre-se aí o risco de retornar-se ao processo do cabresto eleitoral que ainda está em volga (em uso). Por esse processo, você bem se lembra, o dono da fazenda ou grande feudo, em época de eleição, chama seus empregados e diz em que eles devêm votar (com entrega de cédula já com o x marcado) e assim vem se processando com outras nuances, nas cidades, esse método totalitário.
Por exemplo, em Nazaré das Farinhas, nas últimas eleições, enquanto eram detidos os carros que transportavam eleitores do candidato A, outros, na mesma situação, só que do candidato B, tinham trânsito livre. Isso, sem contar, pela madrugada anterior, a distribuição de cestas básicas pelas portas de eleitores carentes. Ou seja, a força do dinheiro, ou melhor a compra de votos continua, mesmo sabendo-se que é ato criminoso e, em caso de comprovação, levar à cassação do mandato do candidato eleito.
 FERRADAS
 A chegada em Ferradas da comitiva que defendia a eleição do então candidato a governador do Estado da Bahia, Juracy Magalhães, foi verdadeira festa popular, com foguetório, duas fobicas (carros de passeio de capota escamo-teável da Ford), com alto falantes, tocando o gingle: - Bahia, Bahia, tu serás Juracy... Foi aquela festa.
Era um domingo e a maioria das casas enfeitaram-se com panos da cor do candidato nas janelas. A caminhada começou na Sucruiuba (rua das quengas, onde dizem, nasceu o escritor Jorge Amado em 1914), la vinha aquele povaréu, com foguetes pipocando e crianças pulando junto a caravana que portava fotos coloridas de Juracy, que iam sendo coladas em frente às casas. Até que o grupo parou em frente à praça da igrejinha da vila e ali, começou o falatório. Quanto tomou da palavra um cabo eleitoral local que assim se dirigiu aos circunstantes: - Povos e povas, nóis istá tudo istrumbicado, pru modi que, a enchente levou tudo de nóis e só o coroné Juracy vai arresolver a nossa situação.
A seguir vieram outros discursos mais eruditos, contando da proposta de desenvolvimento da região etecétera e tal. Em síntese, o cearense Juracy não ganhou aquelas eleições, apesar das bonitas fotos coloridas do candidato espalhadas pela vila de Ferradas e toda região itabunense.


Egnaldo Araújo

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