TRIBUNA DA BAHIA
TERÇA-FEIRA, 20 DE JULHO
DE 2004
Sr. Redator:
Acabo de
receber e-mail com algumas sugestões com propostas de possíveis reformulações
ao processo eleitoral vigente, apesar de não sermos o caminho indicado, vez que
essa questão é mais afeta ao Congresso Nacional/TSE, acho-me, contudo
sensibilizado pelo assunto que em resumo propõe eleições seja de vereador,
deputados estadual, federal - prefeitos e senadores, pelo Voto
Distrital, ou seja cada bairro, distrito, região escolheria seu candidato, a
depender do mérito que o cidadão ali tivesse para se eleger, no que acho mais
do que justa a mudança do processo de escolha.
Contudo, corre-se aí o
risco de retornar-se
ao processo do cabresto eleitoral que ainda está em
volga (em uso). Por esse processo, você bem se lembra, o dono da fazenda ou
grande feudo, em época de eleição, chama seus empregados e diz em que eles devêm votar (com
entrega de cédula já com o x marcado) e assim vem se processando com outras
nuances, nas cidades, esse método totalitário.
Por
exemplo, em Nazaré das Farinhas, nas últimas eleições, enquanto eram detidos os
carros que transportavam eleitores do candidato A, outros, na mesma situação,
só que do candidato B, tinham trânsito livre. Isso, sem contar, pela madrugada
anterior, a distribuição de cestas básicas pelas portas de eleitores carentes.
Ou seja, a força do dinheiro, ou melhor a compra de votos continua, mesmo sabendo-se que é ato
criminoso e, em caso de comprovação, levar à cassação do mandato do candidato
eleito.
FERRADAS
A chegada
em Ferradas da comitiva que defendia a eleição do então candidato a governador
do Estado da Bahia, Juracy Magalhães, foi verdadeira festa popular, com
foguetório, duas fobicas (carros de passeio de capota escamo-teável da Ford),
com alto falantes, tocando o gingle: - Bahia, Bahia, tu serás Juracy...
Foi aquela festa.
Era um
domingo e a maioria das casas enfeitaram-se com panos da cor do
candidato nas janelas. A caminhada começou na Sucruiuba (rua das quengas, onde
dizem, nasceu o escritor Jorge Amado em 1914), la vinha aquele povaréu, com
foguetes pipocando e crianças pulando junto a caravana que portava fotos
coloridas de Juracy, que iam sendo coladas em frente às casas. Até que o grupo
parou em frente à praça da igrejinha da vila e ali, começou o falatório. Quanto
tomou da palavra um cabo eleitoral local que assim se dirigiu aos
circunstantes: - Povos e
povas, nóis istá tudo istrumbicado, pru modi que, a enchente levou tudo de nóis
e só o
coroné Juracy vai arresolver a nossa situação.
A seguir
vieram outros discursos mais eruditos, contando da proposta de desenvolvimento
da região etecétera e tal. Em síntese, o cearense Juracy não ganhou aquelas
eleições, apesar das bonitas fotos coloridas do candidato espalhadas pela vila
de Ferradas e toda região itabunense.
Egnaldo Araújo
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