17-10-2007
Dentre os imigrantes que aportaram na Bahia no início do século XX, os italianos, seguindo os passos
dos portugueses, se fixaram em várias regiões do Estado. Não é sem tempo que o
nosso cardápio, além da influência ibérica-africana e indígena, além do acarajé, sarapatel, xinxins e feijoada é
recheado de pizzas, lasanha, spaghetti, frangos, linguiças e queijos dentre
outras iguarias irrigadas por vinhos saborosíssimos.
Nem é preciso dizer do temperamento genético festivo e caloroso dos
"tutti buona gente". Lá pela década de 10 eis que nasce em Nazaré das Farinhas um menino filho do italiano Grillo, este, que "pulou a cerca" (teve um caso)
com uma serviçal doméstica, mulata formosa de breijeirice divinal que
engravidou do paisano.
Ao nascer nem era preciso deter muito o olhar sobre aquela criança branca,
loira de olhos castanhos para se perguntar de quem era filho, ou quem era o
pai. O velho italiano, para não ter que dar maiores explicações sobre o recém-nascido, nem bem o mesmo começou a dar os primeiros passos, o "dandá para ganhar tem - tem...", pimba. Enviou-o para um colégio interno de Salvador, onde teve seus estudos e tornou-se pessoa muito competente em fazer
contas e gerir negócios. Assim
é que, já rapaz e recentemente casado, em 1944 foi convidado por um fazendeiro rico a se instalar em Pedra Azul, Minab Gerais para gerenciar uma Casa Bancária.
Cidade que apesar
de pequena, com muita terra tinha contudo um comércio emergente muito intenso. Logo, logo o
jovem
filho do Grillo, Alfredo Marotta, este era o seu nome, obteve grande área para
cultivo de hortaliças, faltava contudo braços para tocar o projeto agrícola. O que fez com que ele procurasse o Juiz da cidade e propondo ao
mesmo que todos os presos da cadeia local fossem trabalhar naquela lavoura. O
que conseguiu, ao se responsabilizar de que nenhum
deles fugisse. E assim foi feito. Antes, contudo,
o jovem Marotta reuniu-se com os presos fazendo-lhes a seguinte proposta: Eles iriam receber salário
pelo que produzissem, contudo naquele momento ele, o contratante
estava se responsabilizando por todos e caso, alguém resolvesse fugir, que somente o fizesse do interior da
cadeia, após o recolhimento ao final de cada dia de trabalho. Assim foram atividades por mais de 10 anos, sem haver quaisquer fugas de presos daquele primeiro projeto penal-agrícola de Minas Gerais.
Sem demérito ao trabalho de desenvolvimento produtivo, honesto de grande massa de
brasileiros (e estrangeiros) nos últimos 507 anos. Contudo, aquele projeto de colônia penal seria,
talvez, mais genuíno, não tivesse o Brasil no início de sua colonização, dentre outros, mais de 400 degredados portugueses: dentre inimigos políticos da Coroa Portuguesa, assassinos, alguns tuberculosos e ladrões,
casta esta última que, infelizmente a cada dia está a se
multiplicar e consolidar espécie de Cadeia dominial por este Brasil a fora.
Egnaldo Araújo
Salvador-Ba
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