QUARTA-FEIRA, 23 DE AGOSTO DE 2006
Sr. Redator,
Nada melhor do
que a gente poder curtir ainda hoje, apesar do burburinho da vida agitada de
nossos dias, as belas criações musicais de compositores
do século XVIII, como os cantos de barítonos, contraltos, baixos e
tenores da opereta A Noiva Vendida. Uma delícia de espetáculo em que, apesar de
não se entender o que falam os cantores
estrangeiros, pelo menos acompanha-se pela projeção de resumos escritos o que
está acontecendo nos três atos do espetáculo, que foi encenado no Teatro Castro
Alves neste final de semana, com a participação de cantores alemães e do Coro
Barroco da Bahia. Na verdade, ninguém se incomodou com os meus inopinados e esporádicos
ressonos no decorrer do II ato, isso pela belíssima voz da soprano e coro,
que levava-nos às alturas pela leveza do lírico
canto.
O TEATRO
Ainda estão
bem presentes na minha memória, quando menino,
as apresentações mambembes teatrais dos atores de pequenos
circos passando pelo interior, na década de 50, na Vila de Ferradas (hoje
bairro de Itabuna, cidade do Sul da Bahia). Ali a chegada do circo era
verdadeira festa no lugarejo que não tinha luz elétrica, água encanada e calçamento
na única rua que ia de Uruba (onde o Jorge Amado nasceu, na casa de
uma quenga, dizem as más línguas) até a praça da Igreja,
em Fefradinhas. Nós, quando crianças, saíamos em grupo a
acompanhar o palhaço montado de costas em um jegue pintado de zebra,
a gritar: “Hoje tem espetáculo?”, nós “Tem sim, senhor!”,
ele “Às 20:00h!”, nós repetíamos “Tem sim
senhor!”, ele concluía “Arrocha, negrada! Ôoobáááá!” E assim
íamos naquela bagunça pelo vilarejo, anunciando a novidade, o pequeno
circo armado junto ao campo de futebol, cuja programação
constava quase sempre de números de mágica,
pastelão com palhaços, show de
canto, finalizando com uma peça teatral resumida e estilizada, como Sansão e Dalila, O Ébrio, Pedro
Malazarte, O Pavão Misterioso e outras histórias da vida que faziam-nos rir e
chorar.
Egnaldo Araújo
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