segunda-feira, 14 de setembro de 2015

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO


A propósito da caridade implicitamente contida no mandamento maior, vale abrir um parêntese para lembrar que, numa outra ocasião em que Jesus foi questionado sobre o assunto, apresentou o mandamento numa versão diferente: "Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam", acrescentando: "pois é nisso que consistem a lei e os profetas" (Mt. 7:12). Nessa versão, conhecida como a "regra áurea", está explícito o caráter ativo do mandamento, ou seja, a caridade. Kardec cita e comenta essa passagem no capítulo 11 do Evangelho segundo o Espiritismo, 'Amar o próximo como a si mesmo".
Ciente da velha polêmica teológica, em que se pretendeu usar palavras atribuídas a Paulo para justificar a tese da salvação pela fé, Kardec transcreveu, no item 6 desse capítulo, o trecho da primeira carta do apóstolo aos coríntios que reproduzimos no final da seção precedente. Dá ao tópico o título "Necessidade da caridade, segundo S. Paulo". Seria uma provocação? Certamente que não, pois provocações e polêmicas eram incompatíveis com seu equilíbrio, sua serenidade e seu espírito cristão. Foi, sim, a exposição firme e inequívoca de uma das consequências da análise espírita da moral e da religião, talvez a consequência de maior importância para a Humanidade.
Apesar dessa concordância da análise espírita com parte da interpretação católica da questão da caridade - a saber, a importância das obras para a salvação - , Kardec exerce a seguir a sua imparcialidade, criticando a máxima católica de que "Fora da Igreja não há salvação". Após a refutação enérgica desse princípio, estende a crítica à máxima associada, "Fora da verdade não há salvação". Ambos os princípios são mostrados não apenas carecer de fundamentação evangélica e racional, mas também serem nocivos ao bem da Humanidade, já que induzem ao sectarismo, à intolerância e ao obscurantismo.

O capítulo é encerrado com uma eloquente comunicação mediúnica do próprio Paulo, em que o princípio-síntese "Fora da caridade não há salvação" e o papel do Espiritismo na sua implantação são comentados com palavras de grande profundidade, que não nos atreveríamos a resumir aqui. Tome, leitor amigo, seu exemplar de O Evangelho segundo o Espiritismo agora mesmo, e não adie o privilégio de poder fruir a beleza e a transcendência de um texto como esse.

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