Rainha Elizabeth |
A Revista Veja está botando pra ferver em sua última edição
semanal, independente de noticiar o andamento da homérica corrupção empresarial
que assola o Pais, a Petrobrás e destacadas personalidades
político-financeira, aborda um assunto aparentemente trivial, mas que ainda
está em moda é o tal de se ter ou não Sangue Azul...(Vide notícias da família
real inglesa)...
E, em outras palavras, uma sacanagem antiga e
discriminatória que as elites vêm fazendo com o Zé Povinho. E a questão de
nossas origens, o que tem trazido muito desconforto para algumas pessoas que
não aceitam terem origem humilde e ficam a esconder as profissões de seus pais
(ex-camelôs, feirantes, trabalhadores braçais, simples funcionários
concursados, extra-numerários, e tudo o mais.) No meu caso, por exemplo o seo
Manezinho Sodré, tinha a profissão de pescador, feirante e trabalhador de roça
de cacau, no Sul da Bahia.
Mas o que mais nos castigava, nós simples mortais, alunos de
escolas rurais e tudo o mais, ao ficar-se rapazinhos, era ter que responder
àquelas irritantes perguntas: Você é filho de quem? De qual ramo é mesmo é a
sua família? Moras onde? (para simplesmente mapear se você é morador de
periferia, etc.etc.).
Contudo a FERA da discriminação racial e econômica
está bem viva.
Por incrível que pareça em pleno século XXI, algumas pessoas
ainda buscam provar que possuem vestígios de linhagem real, melhor dizendo,
sangue azul, no nosso caso, da realeza portuguesa, no que achamos até muito
justo por tais aspirações. Só que, para tanto alguns bem aquinhoados estão a
requerer do Instituto de Nobreza Portuguesa de Lisboa a titularidade de sua
descendência nobre ao custo em torno de dez mil reais. Pergunta-se, pois, a
quem interessaria saber se sou visconde, barão e de qual linhagem provém a
minha estirpe? Claro: Ao IBGE.
Atraídos pela cultura e em busca de mais detalhes sobre
nossas origens, estivemos a visitar Portugal e alguns de seus museus, onde
pudemos sentir a força moura na colonização da península ibérica e o custo
homérico na formação de seu aguerrido povo navegador. Ficamos entre surpresos e
estupefatos o quanto de guerras e batalhas que foram feitas para que fosse
consolidada a sua monarquia e suas conquistas ultramarinas, como a descoberta
do Brasil.
OS TUPINAMBÁS
Vivemos num país que podemos dizer ser um somatório em
nossos primórdios de três culturas: índia, negra e branca (portuguesa), esta
última nossos colonizadores que, independente de fazerem verdadeira exploração
de nossos recursos naturais (minério, madeira etc.), trouxeram de contrapeso
para a nova Colônia Portuguesa cerca de 400 degredados, dentre o que havia de
pior da escória portuguesa, incluindo aí tuberculosos.
Ao retomar essas aspirações de algumas pessoas em se
honrarem em pertencerem à linhagem de exploradores de nossas riquezas materiais
e espirituais (no caso das crendices e pureza de nossos indígenas), temos
certeza de que Nada melhor em ter a correr nas veias, em vez do tal
sangue azul, que tal, por exemplo termos nas veias sangue de
produtivos imigrantes de várias bandeiras, de Cariris, Xocó, Tupinambás,
africanos, nortistas, sulistas, italianos, gaúchos e baianos?
Egnaldo Araújo - DRT – 4230 – DF.
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